Cuidado: - muito cuidado quando conversar com gente com quantidade
limitada de massa cinzenta e com aqueles maldosos, que fazem de tudo
para arrumar encrenca. O que me surpreende é a proliferação dessa turma.
Tenho cá comigo que isso se deve ao exagero do politicamente correto.
Politicamente correto, tudo bem. Agora, aproveitar a onda e explorar a
moda para aflorar a hipocrisia, é, sem dúvida, um desvirtuamento do
relacionamento social. Isso não pode, aquilo não pode, quase nada pode. E
como fazer para equilibrar os pratos no meio dessa tempestade?
Gente normal, com um mínimo de semancol pega de primeira a mensagem
subentendida. São pessoas com inteligência para compreender a linguagem
metafórica. Riem das ironias finas, das brincadeiras, até quando elas
mesmas são alvo de gozações. Percebem que o que vale não é o que foi
dito, mas sim o que ficou nas entrelinhas, por trás das palavras.
Gente burra, não. São pessoas com cérebro do tamanho da cabeça de um
alfinete. Pegam tudo ao pé da letra. Não são capazes de perceber uma
brincadeira a não ser que o interlocutor se vista de palhaço e vire
cambalhota no picadeiro. E olhe lá! Reagem com aquele ar obtuso e com
palavras mais ou menos programadas: eu não acredito que você teve
coragem de dizer isso para mim.
Quem não acredita é você. Como é possível que essa cabeça de ostra não
tenha percebido que se tratava de uma brincadeira? Pior, dependendo do
tipo de comentário ou de brincadeira que você fez cai na vala comum do
politicamente correto e o estrago é ainda maior.
É praticamente impossível explicar para uma toupeira que o comentário
não teve nenhuma intenção de ofender, e que valia na mensagem a
informação oculta, com outro sentido atrás das palavras. Ããããã? Não,
não adianta explicar. A melhor saída é ficar longe de gente burra. Se
não for possível, não diga nada que possa dar duplo sentido.
Há também os maldosos. Esses são perigosos porque sabem que o
comentário ou a brincadeira teve outro sentido além das palavras, mas
fingem não entender essa sutileza verbal e reagem como se fossem pessoas
burras, só para arrumar encrenca. Você não se conforma. Sabendo que se
trata de uma pessoa inteligente, como ela pode dizer que não entendeu
que a informação era outra?!
Tanto no primeiro como neste caso a melhor solução é manter distância
dessas pessoas. Nem sempre é possível. Por isso, continua valendo a
sugestão de não dizer o que pode ser mal interpretado quando se tratar
de pessoas com cabeça fechada.
E no caso de gente maldosa, ou evitar esses comentários, ou exagerar
tanto na maneira de dizer que não sobre brecha para atazanarem sua vida.
Se esbarrar no politicamente correto duplique a precaução.
Tanto uns como outros podem arrumar tanta confusão que você entrará
numa verdadeira armadilha. É esse tipo de orientação que tenho dado aos
alunos que reclamam dizendo que as pessoas não entendem bem suas
brincadeiras. Não é por nada não, mas essas idiotices estão deixando a
vida um pouco mais chata. Xô, Satanás!